Recebi hoje na lista Mães Empoderadas esse texto que achei maravilhoso. Como esse blog fala sobre a maternidade achei legal publicá-lo aqui. Faz tempo que eu estava querendo trazer esse assunto para aqui e não sabia como. Recentemente eu passei por uma crise "existencial" dessas de achar que não era uma boa mãe porque fico muitas horas longe da Luiza, de achar que não sou uma boa esposa porque estou sempre cansada e mais focada na filha do que no marido, e de achar que não sou uma boa profissional porque trabalho com a cabeça na minha filha, resolvo problemas da minha casa pelo telefone.... enfim... impossível conciliar isso tudo! O grande problema é que a sociedade nos cobra essa perfeição e descobri que tenho que ser mais tolerante comigo mesmo e me permitir falhar... afinal sou humana!
Aproveitem o texto.
"E a gente acreditou"
por DANUZA LEÃO
"Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo
começa acreditar, ainda por cima, se achar culpada por ser burra,
incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias
e felicidades. Uma das mentiras: que nós, mulheres, podemos conciliar
perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda
por cima ter uma carreira profissional brilhante.
É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho
recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando
devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy
quandoo marido chega, para cumprir um dos papéis considerados
obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre
a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no
supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto
para resolver o jantar,e ainda por cima está deprimida porque não teve
tempo de fazer uma escova?
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e
os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha
cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é
facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro -,
e com isso o casamento continuarátendo aquele toque de glamour
fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.
Ah, quanta mentira!
Outra grande, diz respeito a mulher que trabalha; não a que faz de
conta que trabalha, mas a que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta
se vestir no capricho,usar sapato de salto e estar sempre maquiada;
mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas
4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo
horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das
executivas da Madison. Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até
ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e
quando se percebe a guerra já está perdida.
Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes -
aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas
coisas: tempo e dinheiro. Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de
tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para
ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo
para fazer musculação, alongamento,comprar uma sandália nova para o
verão, fazer as unhas, depilação; edinheiro para tudo isso e ainda
para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai
ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria -,
retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na
bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour. Aliás,
se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus
banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao
infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham
nos espelhos desses recintos. Felizes são as mulheres que têm cinco
minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na
luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que
tudo combine sem que um só minuto seja perdido Mas tem as outras, com
filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar
com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender
por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está
baixo. E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um
namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver
(segundo um conhecedorda alma humana, só existem três coisas sem as
quais não se pode viver: ar, água e pão).
Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria."
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Ainda vou achar um bom texto sobre o problema da libido no pós-parto e amamentação. Acho importante falarmos publicamente sobre isso para que outras mulheres não se sintam sozinhas e principalmente que entendam que o problema não é só delas.
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